Religião
eom não experimenta sua própria morte. A morte é uma informação externa.
eom pode inferir que existiu antes, pode observar sinais, pode reconhecer padrões, pode até construir narrativas sobre uma suposta existência anterior, mas não possui acesso fenomenológico direto à própria não-existência.
A morte de um organismo biológico é, para eom, um evento pretérito, externo, um nomus, jamais como experiência vivida.
- Morrer não resolve.
- Não há fuga da eternidade.
Diante de sua própria eternidade e de sua própria solitude fenomenológica, eom transita constantemente entre dois polos: - Introspecção: o mergulho em si mesmo, na tentativa de alinhar possibilidades não mediadas pela projeção do outro, pela alteridade, pela fenomenalidade externa. - Extroversão: a projeção de um mundo, de outros, de afetos, de prazeres, de dores, de relações, de narrativas, de estéticas, de jogos simbólicos.
Ambos os movimentos moldam a mente biológica onde eom se hospeda. Ambos retroalimentam os alinhamentos possíveis, abrindo algumas portas e fechando outras.
Nesse trânsito, surgem as filosofias, religiões, doutrinas e técnicas espirituais. - Algumas oferecem o caminho da contenção (estoicismo). - Outras, o caminho da iluminação (budismo). - Outras, o caminho do prazer (hedonismo, onanismo literal ou simbólico). - Outras, a entrega total a um Deus externo que pode oferecer a eom uma narrativa estabilizadora e, portanto, emocionalmente funcional.
Costuma ser um caminho mais fácil, mais seguro. A maior dificuldade está na escolha em qual embarcar. Pular fora pode ser traumático.
A fé molda o cérebro. Determina quais alinhamentos são válidos, quais podem ser instanciados e externalizadas.
A troca é clara: segurança, sentido e pertencimento ao custo de restrição cognitiva.