Emaranhamento
Emaranhamento nomial é a medida de interseção, sobreposição e densidade relacional entre nomi. Representa a malha de conexões que sustenta a percepção de continuidade, causalidade, tempo, espaço, identidade, mudança e permanência. É o fenômeno que permite que nomi se mantenham interdependentes, reforçando padrões, criando coesão perceptiva e sustentando estruturas cognitivas, linguísticas e fenomenológicas.
O emaranhamento jamista dialoga com conceitos da física contemporânea, especialmente aqueles relacionados à interdependência de múltiplos estados, à não-localidade e às sobreposições que estruturam sistemas complexos.
A percepção humana não se dá em fragmentos isolados, mas como um fluxo contínuo e integrado. Não conseguimos separar claramente passado, presente e futuro. Em nossa mente, tudo se apresenta como um tecido sem fronteiras nítidas. O movimento não é percebido como uma sequência de fotografias, mas como uma experiência fluida e unificada.
Uma música não é apenas a soma de notas individuais, mas uma sensação composta, um todo que emerge do emaranhamento de percepção dos sons. O músico, ao se alinhar com o nomus "dó" como uma nota musical, imediatamente ocorre um emaranhamento com outros nomi, como acorde de dó maior ou menor, lá menor, função, encadeamento de acordes, a um sentimento de alegria ou tristeza, se escreve "dó", "C" ou uma bolinha em uma pauta musical. Ele simplesmente não consegue pensar apenas na nota musical, tudo relacionado a ela está muito claro e definido em sua mente e, quase sempre, o remete a outros alinhamentos. A nota musical, em si, é um nomus, a nota dentro de um acorde é outro, a sua função na harmonia outro e assim vai. Todos esses nomi estão emaranhados.
O sabor de uma comida começa no olfato, passa pelo paladar e se mistura a sentimentos de satisfação ou desagrado, compondo uma experiência sensorial única. O tato, por sua vez, é sentido de formas diferentes conforme nos movemos, revelando nuances que só existem na interação dinâmica entre estímulo e percepção.
A própria possibilidade de abrir os olhos, reconhecer uma voz, compreender uma palavra, caminhar, construir sentido ou formular uma ideia, depende da malha ativa de emaranhamentos nomiais que sustenta a estabilidade perceptiva e operacional da experiência.
Os nomi formam um tecido contínuo e tornam-se perceptíveis, gerando padrões recorrentes e permitindo a formação de estruturas cognitivas estáveis. Essa malha nomial emaranhada permite que a percepção do mundo seja processada como fluxo, e não como uma sequência disjunta de eventos desconexos.
O tempo e o espaço configuram nomi altamente emaranhados, cujas interseções estão presentes em praticamente todas as experiências e alinhamentos possíveis. A percepção da própria existência encontra sustentação na densidade dos emaranhamentos que organizam nomi em estruturas operacionais que percebemos como movimento ou mudança.
O emaranhamento, portanto, é o princípio que permite a experiência integrada e significativa do mundo, sustentando a continuidade, a identidade e a transformação perceptiva. No JAM, compreender o emaranhamento é reconhecer que toda percepção, todo sentido e toda construção cognitiva dependem de uma rede ativa de relações entre nomi, tornando possível a existência compartilhada e a evolução da consciência.
Talvez, a primeira formulação nomial possível se apresente como: “existo”.
A segunda se configura como: “mudanças existem e me alcançam por emaranhamento.”
Estas duas expressões fundamentam a percepção da existência e da impermanência, cuja operacionalização emerge diretamente da estrutura emaranhada dos nomi que sustentam tanto o eom quanto o universo perceptível.
"Uma boa metáfora não explica — ela revela um emaranhamento."
Fundamentos e Referências
Essas referências fundamentam o conceito jamista de emaranhamento, mostrando que a continuidade, a coesão e a riqueza da experiência perceptiva emergem de uma malha relacional complexa, tanto no nível fenomenológico quanto físico e informacional.
Fluxo da Experiência e Continuidade Perceptiva
- Edmund Husserl, “Ideias para uma Fenomenologia Pura”: Sobre a constituição da experiência como fluxo contínuo e a impossibilidade de separar passado, presente e futuro na consciência.
- Maurice Merleau-Ponty, “Fenomenologia da Percepção”: A percepção como unidade dinâmica, onde o movimento, o tempo e o espaço são vividos como um todo integrado.
Integração Sensorial e Cognição
- Stanislas Dehaene, “Consciousness and the Brain” (2014): Sobre a integração de informações sensoriais e a coesão perceptiva no cérebro, mostrando que a experiência consciente é resultado de múltiplos processos interligados.
Tempo, Sistemas Complexos e Interdependência
- Carlo Rovelli, “A Ordem do Tempo” (2017): Sobre a natureza relacional do tempo e a ideia de que passado, presente e futuro formam um tecido contínuo de eventos interligados.
- Erwin Schrödinger, “What Is Life?” (1944): Sobre sistemas complexos e a interdependência de múltiplos estados para a emergência da vida e da percepção.
Entrelaçamento e Não-localidade
- Niels Bohr e Albert Einstein: Debates sobre entrelaçamento quântico e não-localidade, conceitos que inspiram a ideia de emaranhamento como interdependência fundamental.