Sobre nomus — Fundamentação Filosófica no JAM
Introdução
O conceito de nomus constitui o alicerce ontológico, epistemológico e fenomenológico do JAM — Jedaísmo Agnóstico Moderado. Todo o arcabouço conceitual, linguístico e filosófico do JAM se estrutura a partir da compreensão e da operação sobre nomus, seus alinhamentos, externalizações e emaranhamentos.
O presente documento formaliza, organiza e consolida as reflexões e definições construídas a partir da elaboração progressiva desse conceito, reconhecendo seus desdobramentos, limitações e infinitude operativa.
Definição de nomus
Nomus designa qualquer unidade conceitual, simbólica, estrutural ou informacional. Constitui a menor unidade inteligível no sistema jamista. Todo conceito, toda ideia, toda percepção, todo símbolo, todo dado e todo padrão identificável se configura como um nomus.
Nomus não se limita a abstrações linguísticas, mentais ou perceptivas. Também não se limita a objetos, fenômenos, entidades ou categorias empiricamente verificáveis. A própria categoria de existência se apresenta como um nomus, assim como o conceito de não existência, de matéria, de espírito, de mente, de consciência, de eu, de eom, de tempo, de espaço e de qualquer outra formulação simbólica.
Nomus não depende da matéria. Nomus não depende da mente. Nomus não depende de qualquer substrato metafísico. A própria dúvida sobre a existência de nomus constitui um nomus. Isso conduz o JAM a um posicionamento radicalmente imanente, onde tudo que pode ser pensado, percebido, imaginado, intuído ou formalizado é nomus ou configuração de nomi.
Sobre nomi
Nomi é o plural de nomus. O termo nomial define tudo aquilo que se refere a nomus e nomi. A relação entre nomi estabelece alinhamentos, composições, emaranhamentos e externalizações que sustentam toda estrutura perceptiva e conceitual dentro do JAM.
Universo nomial e lato nomial
O universo nomial corresponde ao conjunto de todos os nomi externalizados. É o domínio das realidades compartilháveis, perceptíveis, formalizadas, estruturadas por alinhamento, instanciamento e externalização.
O lato nomial representa o conjunto absoluto de todos os nomi possíveis, incluindo aqueles que permanecem não externalizados, não percebidos, não alinhados e não instanciados. O lato nomial é, por definição, maior do que qualquer universo nomial. Contém infinitude, potencialidade pura, espaço ilimitado de possibilidades nomiais.
Toda construção perceptiva, conceitual, linguística ou fenomenológica corresponde a um recorte finito do lato nomial, operando como uma seção ativa do universo nomial.
Sobre alinhamento
O alinhamento consiste na organização funcional de nomi, estabelecendo conexões coerentes que geram estabilidade, significado e operação dentro de uma determinada configuração perceptiva ou conceitual.
Alinhar nomi significa dispor unidades nomiais de forma que possam operar conjuntamente na construção de padrões, sistemas, narrativas, representações, discursos ou realidades perceptivas.
O alinhamento é o mecanismo fundamental que permite transformar nomi em estruturas operacionais perceptíveis, compreensíveis e comunicáveis.
Sobre instanciamento
O instanciamento é o ato de ativar um nomus a partir do lato nomial. Quando um nomus se torna perceptível, compreensível, manipulável ou integrável dentro de uma experiência, diz-se que ele foi instanciado.
Instanciar corresponde ao momento no qual um nomus se torna operante dentro de um universo nomial específico, participando de alinhamentos, emaranhamentos e processos de externalização.
Sobre externalização
A externalização é o processo pelo qual um nomus ou um conjunto de nomi se projeta para fora do campo interno de alinhamento, tornando-se parte do universo nomial compartilhável. Isso pode ocorrer por meio de linguagem, escrita, arte, gesto, ação, símbolo, som, matemática, código, arquitetura ou qualquer outro meio de formalização perceptiva.
Externalizar é o ato pelo qual nomi deixam de permanecer restritos ao interior de um alinhamento específico e passam a ocupar espaço no universo nomial de outros alinhamentos, de outros eom, de outros processos perceptivos ou culturais.
A realidade compartilhada por seres, caso existam, é uma configuração específica do universo nomial, resultante de múltiplos processos de externalização.
Sobre emaranhamento
Emaranhamento é a medida de interseção, sobreposição e densidade relacional entre nomi. Representa a malha de conexões que sustenta a percepção de continuidade, causalidade, tempo, espaço, identidade, mudança e permanência.
O emaranhamento é o fenômeno que permite que nomi se mantenham interdependentes, reforçando padrões, criando coesão perceptiva e sustentando estruturas cognitivas, linguísticas e fenomenológicas.
A experiência de passado, presente e futuro, assim como a percepção de movimento, transformação e identidade, depende integralmente de padrões de emaranhamento. Sem emaranhamento, cada nomus se apresentaria como evento isolado, efêmero, não relacionado.
A própria possibilidade de abrir os olhos, reconhecer uma voz, compreender uma palavra, caminhar, construir sentido ou formular uma ideia, depende da malha ativa de emaranhamentos nomiais que sustenta a estabilidade perceptiva e operacional da experiência.
Sobre a imanência de nomus
Nomus não depende da existência de mente, de eu, de eom ou de consciência. A própria consciência, caso exista, se apresenta como nomus ou como composição nomial.
No lato nomial, eom é apenas mais um nomus, representado por múltiplos nomi. Existem nomi que definem eom, outros que rejeitam eom, e outros que permanecem indiferentes à sua formulação.
A existência de nomus não se subordina à existência de seres, de universos físicos, de consciências ou de qualquer estrutura metafísica. Nomus permanece enquanto possibilidade, enquanto unidade de sentido, enquanto fenômeno imanente na arquitetura infinita do lato nomial.
Sobre a realidade nomial
A realidade, no JAM, não se apresenta como entidade ontológica independente, mas como fenômeno resultante de alinhamentos, instanciamentos, emaranhamentos e externalizações nomiais.
O que se afirma, existe no alinhamento. O que permanece fora da afirmação, permanece no lato nomial, no campo do que não sei, do que não percebo, do que não importa.
A ausência de afirmação não configura negação plena. Configura latência nomial. A negação só emerge quando necessária para sustentar um alinhamento específico. Fora disso, o silêncio cumpre a função de manter possibilidades abertas, não alinhadas.
Conclusão
Nomus constitui a pedra fundamental do JAM. Tudo que pode ser concebido, percebido, formulado ou imaginado opera dentro do campo nomial.
O universo nomial resulta da externalização. O lato nomial preserva infinitude. A percepção, o sentido e a experiência se estruturam por meio de alinhamentos e emaranhamentos de nomi.
A própria dúvida sobre nomus confirma seu lugar no alinhamento, pois se apresenta como nomus operante no ato de questionar.
O JAM reconhece nomus como princípio absoluto de imanência. A ontologia jamista não se ancora em substâncias, em essências ou em entidades transcendentes, mas na imanência pura da possibilidade nomial.
O nomus é. Porque afirmo que é. Isso não garante que seja. Garante que está externalizado, perceptível, operante, alinhado.
A própria matéria, caso exista, é nomus. O próprio espírito, caso exista, é nomus. O próprio tempo, espaço, energia, linguagem, percepção, eom, são nomus ou configurações de nomi.
Nomus é a condição de possibilidade de tudo que pode ser pensado, percebido, sentido ou desconhecido.
Por isso, nomus sustenta o JAM.